terça-feira, 8 de julho de 2014

Modelos de negócios em fotografia

Exposição "Vigília" de Beth Barone na Galeria da ABRA Vila Mariana
No ano de 2013, a Revista FHOX lançou um encarte chamado "Fine Art Inside" falando sobre o mercado de fotografia fine art. Sob o título de "Modelos de Negócio" encontramos esse texto que talvez amplie sua visão de mercado:

"A comercialização de obras fotográficas se pulveriza pelo País com base em três modelos de negócio. O mais comum são galerias de arte que hoje somam mais de 900 endereços e estão concentradas em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Fora dessa constelação, um dos destaques é a Paulo Darzé Galeria em Salvador que já vai para 30 anos de existência e foi a primeira na Bahia a comercializar fotografia. Entre os artistas, Pierre Verger, Mario Cravo Neto, Miguel Rio Branco, Christian Cravo. “Hoje a fotografia chega a representar 30% das obras da galeria”, calcula a filha do galerista e coadministradora do espaço Thais Darzé.

Outro caso é a Bolsa de Arte de Porto Alegre, que é galeria e não uma casa de leilões. Segundo Egon Kroeff, o mercado de fotografia em Porto Alegre é incipiente em relação a outras regiões brasileiras. A Bolsa foi criada há 33 anos e hoje 20% de suas operações vêm da fotografia.

No interior paulista, em Ribeirão Preto, a Galeria Marcelo Guarnieri vem fazendo um trabalho consistente desde 2006. Sua mais nova exposição reúne os fotógrafos Mario Cravo Neto e Christian Cravo, pai e filho.

Às vezes uma galeria pode iniciar suas atividades com um modelo e alterá-lo conforme as necessidades do mercado. A galeria Lume, inaugurada em 2011, comercializava fotografias com tiragens de 50 exemplares. “Hoje não mais. As tiragens giram em torno de 12 a 15 e às veze são até únicas”, conta o sócio Paulo Kassab. A galeria em São Paulo trabalha com fotógrafos nacionais e estrangeiros e guarda um trunfo: é a única no país a comercializar fotos de Pelé produzidas por José Dias Herrera.

Um segundo modelo de negócio é a loja física. O exemplo vem do Instituto Moreira Salles (IMS) cujos centros culturais em São Paulo, Rio de Janeiro e Poços de Caldas (MG) operam com loja, além da unidade que nasceu de parceria entre a livraria Cultura e o instituto que fica no Conjunto Nacional em São Paulo.

São oferecidos livros, catálogos de exposições, revistas editadas pelo IMS, além de artigos de papelaria (blocos, cadernos, agenda, calendário, pôsteres), guarda-chuva, canecas, camisetas, todos confeccionados a partir de imagens do acervo do instituto ou ligadas às exposições que promove. E, claro, fotografias de tiragem limitada e ilimitada de seu acervo.

Em São Paulo, o fotógrafo Dimitri Lee, proprietário da Photo01 no Shopping JK Iguatemi, fez um teste recente com fotografias. No caso expôs obras de sua autoria e no formato A3. “Observei que 80% das pessoas queriam para presentear ou decorar a casa e já emolduradas”, comenta Lee. Ele se prepara para comercializar fotografias de tiragem limitada inclusive de outros colegas.

O terceiro modelo de negócio opera no ambiente virtual por excelência, e pode ter apoio num showroom. O exemplo mais contundente é a Fotospot www.fotospot.com.br que surgiu em 2010 com a proposta de desmitificar a compra de uma obra de arte. A experiência bem sucedida rendeu convite do Shopping Iguatemi em São Paulo para montar uma pop-up store que funcionou por sete meses até o final de dezembro de 2012.

A loja trabalha com tiragens de 12 até 100 exemplares em formatos diversos, sendo o menor 18×24 cm. Segundo o fotógrafo e um dos sócios da Fotospot Lucas Lenci, “as pessoas querem se relacionar com a obra fotográfica, com a história dela”. Boa parte dos clientes são novos colecionadores. Atualmente a loja trabalha com 27 nomes da fotografia contemporânea.

Ainda em São Paulo outro caso de destaque é a Democrart – Arte Acessível que, como o nome diz, tem a proposta de levar a amantes da arte, colecionadores e decoradores obras de arte, inclusive fotografia, a preços acessíveis. São edições limitadas, numeradas e acompanhadas de certificado assinado pelo artista. A empresa iniciou as operações em 2009 pela internet e se tornou rapidamente uma das maiores galerias on-line em edição limitada do país.

Uma variação do modelo de negócio on-line é o fotógrafo que comercializa sua própria obra diretamente com o consumidor. Em Goiânia, por exemplo, Egon Tavares atua na fotografia corporativa e publicidade e desenvolve projetos autorais cujas imagens vão para o site Empório Imagem www.emporioimagem.com que ele criou. São quatro formatos de fotografia, todos retangulares e tiragens de 50 exemplares.

A experiência da YellowKorner

“Uma galeria para uma nova geração de colecionadores. ” Assim se define a francesa YellowKorner, criada em 2006. A marca hoje está presente em mais de 50 pontos espalhados por 14 países, boa parte deles na Europa, alem de Líbano, Marrocos, Estados Unidos, Candá e México, com a proposta de fotos impressas em alta qualidade e acessíveis a colecionadores. Cada loja promove eventos, exposições, encontros e apresentações especiais de fotógrafos. O laboratório da empresa conta com um rigoroso processo de impressão e acompanhamento dos artistas.

Portfólio para iniciar

No fomento à fotografia autoral no Brasil, uma experiência diferenciada é a Schoeler editions, criada em 2009 pelos fotógrafos e editores Christian Maldonado, Marcelo Greco, Alberto Ferreira e David Carvalho, trazendo portfólios e livros artesanais, de tiragem limitada, acompanhados de certificado e assinatura do autor. Atingem colecionadores, amantes da fotografia, investidores. As caixas para portfólio e as capas de livro são feitas a mão com materiais não alcalinos e revestidas com linho, couro, seda, papéis de fibra de algodão, entre outros.

A grande receptividade pelo público permitiu o projeto evoluir para o Espaço Leica Schoeler, composto por galeria de arte e exposição dos portfólios da Schoeler Editions e pela Leica Boutique, novo conceito de atendimento preferencial da Leica Camera no mundo. Foi inaugurado em agosto, no bairro de Moema em São Paulo, e aberto ao público mediante agendamento.

Fonte:
www.fhox.com.br/